Collabo - Branding

IDENTIDADE VISUAL
Collabo

Trabalho universitário

Disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso, Design de Comunicação Visual, 2023

Grupo: Ana Clara Marques, Carlos Henrique Toste, Carolina Abranches, Julia Gandolpho e Mariana Ramos

Desde o início do nosso Trabalho de Conclusão de Curso, tínhamos o desejo de ajudar uma minoria através do design. Acreditamos no design enquanto peça fundamental para a transformação social. Segundo Findeli (Rethinking Design Education for the 21st Century: Theoretical, Methodological, and Ethical Discussion. 2001, p.14), “a responsabilidade do design significa que os designers sempre devem estar conscientes de que, cada vez que se envolvem em um projeto de design, de alguma forma estão recriando o mundo”.

Depois de muita coleta de informações teóricas, pesquisas de campo, idas à eventos e trocas com pessoas e empresas, concluímos em dar foco para adultos autistas e sua não-inclusão no mercado de trabalho.

A partir disso, foi realizada uma contextualização tanto do autismo, como da construção histórico-social de deficiência e neurodivergência, ambos para compreensão teórica e mais aprofundada da realidade desse grupo social. Posteriormente, explicitamos e analisamos como a colaboração entre designers e autistas podem cooperar para o projeto, para a disciplina e para a sociedade.

Além disso, foram realizadas pesquisas qualitativas e quantitativas com os autistas, a fim de conhecer amplamente os efeitos da construção do autismo no meio social, o impacto da condição na vida dos autistas, emoções envolvidas no enfrentamento das situações sociais e os problemas em que o design pode atuar. Nesse momento, a falta de inclusão no mercado de trabalho foi a dor percebida pelo grupo.

Desta forma, foi possível conhecer esse problema e identificar uma alternativa que valorizasse as características do transtorno e, com base nelas, colaborasse para a transformação de suas próprias realidades. Foi ao longo desse projeto que percebemos que inserir é diferente de incluir. Não queríamos trazer uma solução que inserisse um autista no mercado de trabalho sem de fato incluí-lo naquela realidade, para que ele pudesse se manter no emprego de forma saudável e independente.

Ao mesmo tempo em que queríamos atingir o público autista, também queríamos atingir o público Empresas: ao longo de pesquisas percebemos o quanto a falta de diversidade e de uma comunicação assertiva afetam o crescimento e sucesso de uma organização.

Sendo assim, criamos a Collabo.

Áreas de conhecimento: Identidade Visual de Marca, Branding

Softwares:
Adobe Photoshop
Adobe InDesign (para o Brandbook)
Adobe Illustrator

COLLABO

É uma empresa que oferece uma plataforma online para gerenciamento de tarefas voltada para ser acessível às necessidades da pessoa autista e, consequentemente, auxiliar na inclusão da mesma no mercado de trabalho. Com funcionalidades que possam facilitar a navegação do usuário, tornar a comunicação entre todos os funcionários de uma empresa mais assertiva e contribuir para um dia a dia de trabalho mais produtivo.

Ao longo dessa apresentação, será apresentada a etapa de criação da Identidade Visual da Collabo.

IDENTIDADE VISUAL - CONCEITO

Através de pesquisas, acreditamos que:
1) “[...] elevados níveis de diversidade e inclusão no ambiente profissional estão associados a maior produtividade, inovação e ao bem-estar da força de trabalho.”

(Disponível em: exame.com/bussola/por-que-diversidade-e-inclusao-e-uma-boa-para-os-negocios/. Acesso em: 07 jun 2023.)

2) Existe um déficit na comunicação efetiva no ambiente de trabalho que foi ressaltado durante a transição abrupta do modelo presencial para o remoto durante a pandemia do Covid-19.

3) Uma das grandes dificuldades na inclusão dos autistas nos seus respectivos ambientes de trabalho é na adaptação dos seus métodos e processos à cultura da empresa.

Pensando nisso, queríamos trazer conceitos já estabelecidos na natureza através da biomimétca, para embasar a ideia deste projeto. Ao estudarmos os comportamentos naturais dos seres vivos percebemos que a competição não é o comportamento interpessoal mais presente na natureza, e sim as diferentes formas de cooperação.

A concepção de que a sobrevivência é determinada pelo mais forte, e que a competição desempenha um papel central na evolução das espécies por meio da seleção natural, é uma ideia que se origina de influências ideológicas e culturais, e não de uma base científica sólida.

A ênfase na competição que foi influenciada pelo contexto histórico e cultural molda nossa visão do mundo como um campo de batalha. É notório que Charles Darwin seja lembrado pela ideia de que a seleção natural é a lei do mais forte, enquanto, segundo ele próprio, aqueles que sobrevivem e se sobressaem não são os mais fortes e, sim, os mais adaptáveis ao ambiente em que estão inseridos.

(Disponível em: www.bbc.com/portuguese/geral-50525124. Acesso em: 07 jun 2023.)

A partir da biomimética, pensamos em alguns exemplos encontrados na natureza que respondessem ao questionamento inicial para a criação do conceito: ¨ O que, na natureza, pode-se observar que funciona de forma efetiva individualmente, mas, na coletividade, trabalha com sua força total? ¨

• Voo dos patos: o voo em V contribui para que haja uma poupança de energia. Dessa forma, os patos podem voar por mais tempo sem se cansar.
• Cardumes e nuvem de estorninhos: servem para que todo o grupo possa se proteger de predadores. Além disso, para eles se manterem juntos sem colidir, também é necessário que haja alguma forma de comunicação efetiva entre o grupo.
• Formigas: além do funcionamento de toda a comunidade ser um excelente exemplo de cooperação, existe outra questão: quando se ajudam, conseguem carregar pesos muito maiores.
• Peixe-palhaço e anêmona: esses animais são um dos mais famosos exemplos da relação de mutualismo. Enquanto o peixe-palhaço utiliza a anêmona como proteção contra seus predadores, a anêmona se beneficia com alimentos deixados pelo peixe.
• Abelhas: além delas serem um excelente exemplo de comunidade cooperativa, o relacionamento entre elas e as flores também é mutualístico, já que conseguem alimento enquanto polinizam as plantas.

Todos esses exemplos da natureza mostram a presença da cooperação, diversidade e comunicação efetiva para, não só o bom funcionamento de um sistema, mas para benefício de todos e alcance dos melhores resultados.

Foram esses estudos que nortearam toda a construção da Collabo enquanto marca que defende a inclusão e a diversidade nos ambientes de trabalho.

Overview do projeto

VISUAL

Todo o visual foi pensado na fluidez das formas da natureza, usando os movimentos dos cardumes e dos grupos de estorninhos como base de construção e pensando na organicidade. A partir disso o isotipo, os degradês e as formas foram desenvolvidos.

A tipografia para títulos e subtítulos é a Montserrat, enquanto para textos é a Inter por serem duas famílias de fontes acessíveis e com excelente leitura.

As cores para a Identidade Visual foram selecionadas após uma fase de testes de acessibilidade para daltônicos e testes de contraste.

Manifesto:

“Para qual metaprojeto um projeto de design e um currículo de design contribuem?”

— Alain Findeli

Diante da complexidade que as dinâmicas e os comportamentos da vida contemporânea alcançaram, nós, designers conscientes do papel social de nossa profissão, entendemos a urgência de transformação da educação e prática do design. Enquanto o exercício de nossa disciplina não acontecer em favor da comunidade designer e dos membros da sociedade, o papel do design não estará sendo desempenhado em sua totalidade e de forma proveitosa.
Nós precisamos estar conscientes de nosso potencial de projetar futuros e assumir a responsabilidade enquanto peças fundamentais para a transformação social. Graças aos métodos específicos do design, a sua adaptabilidade e a subjetividade de cada designer, acreditamos ser possível propor uma prática profissional em que o designer atua em conjunto de um sistema e não sobre um sistema.
Não podemos permitir que o forte potencial da disciplina ofusque a nossa dependência de outros agentes multidisciplinares. A nossa atuação só faz sentido quando colaboramos com outros atores sociais, somente assim podemos construir alternativas que suportem as necessidades da sociedade. Para nós, usuário e designer são compreendidos como parte do mesmo sistema, e, portanto, devem atuar de forma colaborativa para o alcance de um objetivo comum: promover o desenvolvimento coletivo.
A partir dessa conscientização, nasce a Collabo, um produto da cocriação entre designers e pessoas com transtorno do espectro autista. Seu objetivo principal é contribuir para a inclusão social de pessoas com TEA e colaborar para que adquiram maior autonomia e independência em suas vidas. Mas vamos além: com os processos criados e desenvolvidos, a Collabo também é um chamado para que designers recobrem a consciência de seu papel social e uma demonstração do potencial de atuação do design.